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MuHo Museu do Holocausto

Localização  

São Paulo, SP

       

Ano do Projeto    

2017

Area Construída

6.175m²

Cliente   

Instituto Cultural J.Safra

Autores

Mario Figueroa, Letícia Tamisari, Filipe Battazza

​​

Equipe   

Roberto Urzúa, Everton Penariol

Cálculo Estrutural

Ricardo dias

Memória que pulsa em matéria e espaço

O Museu do Holocausto em São Paulo se constitui como uma arquitetura de resistência e memória. Implantado no tecido urbano da capital paulista, o projeto se apresenta como um espaço de evocação da dor e da dignidade, tensionando o esquecimento com a permanência, e o silêncio com a expressão.

A volumetria do projeto é composta por formas simples e bem definidas, com uma composição equilibrada entre cheios e vazios. O uso de tijolos aparentes remete à ideia de permanência, reconstrução e memória. A proposta não busca se destacar por formas icônicas, mas sim transmitir significado por meio da materialidade e da relação com o contexto. Trata-se de uma arquitetura discreta, que se integra e comunica de maneira sutil com seu entorno.

O percurso interno leva o visitante a experimentar uma sequência de espaços expositivos que, mais do que informar, convidam à introspecção. A luz natural entra com parcimônia, cuidadosamente filtrada, produzindo atmosferas de recolhimento e de pausa – como se cada feixe de luz trouxesse consigo uma memória, uma ausência.

O pátio central é um elemento fundamental do projeto. Este espaço vazio, delimitado por paredes estruturais, torna-se o pulmão simbólico do edifício. Um vazio cheio de sentido. Pensado como um espaço de contemplação, o pátio promove uma experiência de pausa e introspecção. Os bancos integrados à vegetação convidam à permanência e ao descanso. O céu aberto acima é a única conexão com o infinito, quase como um grito de liberdade entre muros de opressão. Aqui, a arquitetura toca a espiritualidade, oferecendo ao visitante não apenas uma experiência de reflexão e silêncio. O pátio, nesse contexto, opera como metáfora espacial da resiliência. Ele é vazio para lembrar da ausência dos que foram. Ele é aberto ao céu para lembrar da esperança dos que resistiram. É nesse interstício entre memória e vida que o projeto se ancora.

Ao assumir o desafio de abrigar a dor histórica do Holocausto em solo brasileiro, este museu não apenas importa uma memória estrangeira, mas também reflete sobre os nossos próprios traumas e silêncios. Ele convida a cidade, e o país, a olhar para sua própria história de violência e intolerância, e a pensar sobre o papel da arquitetura na construção de espaços  transformadores.

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