MEMORIAL BOATE KISS
Localização
Santa Maria, RS
Área Construída
872,29 m²
Ano do Concurso
2018
Cliente
IAB/RS
Autores
Mario Figueroa,
Leticia Tamisari e
Renato Assada
Equipe
Everton Penariol,
Lucas Cunha,
Vitória Paulino e
Ana Flávia Borelli
Luminotécnica
Ana Lucia Spina
Estrutura
Ricardo Dias
2018 Menção Honrosa Concurso Nacional para às Vítimas da Boate Kiss Santa Maria, RS.
A triste madrugada do dia 27 de Janeiro de 2013 em Santa Maria RS ficou marcada com a maior tragédia dos últimos 50 anos no Brasil. Entre às 2h30 e 5h00, 242 jovens perderam a vida e outros 680 saíram feridos do incêndio acontecido na Boate Kiss. Temos consciência que a arquitetura não pode compensar o trauma coletivo da perda.
O que a arquitetura pode oferecer é a possibilidade de um espaço de encontro e acolhimento, que estimule o diálogo e que sirva de base para a compreensão do acontecido. A solicitação de um Memorial através de um concurso nacional demonstra claramente mais um passo correto de um processo de desconsolo coletivo já amadurecido o suficiente para solicitar publicamente ajuda para homenagear os mortos, os sobreviventes, as famílias e uma sociedade ainda em luto.
A nossa proposta é a de criar um “MICRO-ESPAÇO URBANO”, oferecer à Santa Maria muito mais um LUGAR ABERTO do que um edifício-monumento. Tudo girará ao redor do PÁTIO DA MEMÓRIA e o seu vazio aglutinador. O VAZIO representa em nossa proposta a PRESENÇA DA AUSÊNCIA, a lembrança permanente daqueles jovens que perderam a vida neste lugar.
Propomos um percurso solene e narrativo, para nele expor em suportes eletrônicos as memórias deste evento. Serão 10 estações: [01] O Incêndio; [02] A Boate; [03] Os Envolvidos; [04] O Resgate; [05] O Atendimento às Vítimas e Familiares; [06] As Repercussões pelo Brasil e pelo Mundo; [07] Às Vítimas; [08] À Memoria; [09] Os Sobreviventes e [10] A Vigília Permanente.
O AUDITÓRIO e o PÁTIO DA MEMÓRIA podem trabalhar de maneira complementar, cada um pode servir de extensão do outro para os eventos e acontecimentos que venham a ser organizados no MEMORIAL. Entretanto, o acesso/saída do Auditório na cota 140.0 permite como solicitado que funcione também de maneira autônoma. A plateia proposta é retrátil, que apesar de ser mais onerosa do que uma convencional, permite configurações distintas, o que aumenta significativamente as possibilidades de uso e receita deste espaço.
A SALA MULTIFUNCIONAL possui pé-direito generoso e iluminação zenital, e se associa as demais salas solicitadas permitindo as mais variadas formas de organização graças ao sistema de painéis acústicos retráteis.
O SALÃO MEMORIAL foi projetado como um volume suspenso e configura uma grande abertura do conjunto para a cidade. Uma contraposição àquela única, pequena e trágica porta de entrada da antiga Boate Kiss. Dentro ele será simples, porém eloquente, um jogo de luz e sombra. Tanto de dia [luz natural] como de noite [projeto luminotécnico] a LUZ celebrará a MEMÓRIA de cada uma das vítimas. Os 242 feixes de luz do Salão Memorial nos farão lembrar da imensa perda a partir da condição insubstituível de cada vida perdida.
Optamos pelo CONCRETO, como estrutura [armado] e materialidade [aparente], como elemento dominante. O piso do pátio será de pedrisco. O Auditório terá parte do seu acabamento em madeira por questões acústicas. Caixilhos de alumínio preto, vidro temperado nos guarda-corpos e detalhes em latão [LETREIROS por exemplo] completam a lista de materiais.
O Memorial poderá ser fechado quando desejado a partir do sistema de 3 portas de enrolar automáticas que facearão o limite frontal do terreno.