“Em outro projeto, um arquiteto inventou um método novo de construir casas começando pelo teto para terminar nos alicerces, argumentando que é assim que abelhas e aranhas fazem suas construções maravilhosas...”

SWIFT, Jonathan [1726] “Travels into several remote nations of the world”.

Localizada em um antigo haras que se transformou em condomínio fechada esta casa apresenta um programa razoavelmente convencional. O diferencial da solicitação reside na vontade das autonomias dos distintos itens do programa. O escritório e o quarto de hospedes, deveriam ter acesso independente, assim como os quartos deveriam estar isolados da área social.

O acentuado declive na parte frontal oferece uma bela vista para um pequeno lago que se pode acessar pelo trecho plano do terreno. A casa apenas se insinua para a rua, preservando a visual também para quem apenas passa, a paisagem continuará de todos.

A estratégia parte da ordenação do território a partir da fragmentação do programa nos distintos patamares já insinuados pela topografia. O resultado gera uma série de pátios. A intenção foi a de construir vários vazios aos quais os eventos cotidianos estivessem vinculados e desta forma alimentar os distintos volumes resultantes de luz natural.

Uma leve retícula metálica dá o sentido e o ritmo construtivo da casa. Muros de contensão em pedra assumem a função de estender os limites internos da casa e fortalecer a construção deste território. A expressão de seus fechamentos oferece a possibilidade de resgatar a autonomia dos vedos, a independência da superfície, discutir a oposição entre “superfície” e “volume” a partir da transparência e da maneira como a luz poderá transformar o espaço.