Projetada para um casal e suas duas filhas pequenas, esta casa implanta-se em um lote irregular no final de uma rua sem saída de um condomínio na região norte da cidade de Curitiba, Paraná. A abordagem parte do entendimento das normativas, das virtudes e das características do lote peculiar. A orientação solar, a posição e proximidade com o bosque existente permite explorar a presença e visuais dessa massa vegetal, estabelecendo através das aberturas e da hierarquização dos espaços o fortalecimento das relações entre o interior e o exterior.

O programa solicitado contemplava uma sala de estar e refeições, cozinha, área de serviço, banheiros, dois dormitórios e uma suíte a serem resolvidos de maneira compacta e austera. A normativa permite o uso parcial do terraço da cobertura, o qual foi destinado para uma sala de TV e escritório.

Procuramos explorar uma distribuição programática que permitisse uma experiência espacial. A principal intenção foi de construir um vazio, de pé direito duplo, ao qual os eventos cotidianos estivessem vinculados e o volume resultante pudesse ser inundado de luz natural.

Nesse sentido, a resolução individualizada de cada abertura, conforme a sua localização e função, ofereceu a possibilidade de resgatar a reflexão teórica sobre a autonomia das aberturas e a independência da superfície das fachadas.

Na evolução da história da casa seria possível criar um capitulo específico sobre essa oposição entre “superfície” e “volume”. Nesta casa, nos interessou exercitar esse enfrentamento das transparências e da profundidade, e a maneira como a luz transforma o espaço.