CONSTRUINDO UM ESPAÇO DE APOIO PARA O ATIVISMO CONTEMPORÂNEO

Localizada nos Campos Gerais paranaense, e a cerca de 70 km de Curitiba, a cidade da Lapa, fundada em 1769, é uma das cidades mais antigas do estado. Sua origem está intimamente ligada a passagem dos tropeiros que atravessavam a região e faziam da localidade uma de suas principais paradas. A presença dos tropeiros marcou a rotina da cidade pois permaneciam cerca de 6 meses na cidade, no período chamado de “invernada do gado”, quando os animais que eram levados até Sorocaba, descansavam e engordavam. Dentro desse contexto a Casa Lacerda, está inserida no maior conjunto arquitetônico tombado do Paraná e um dos maiores do sul do Brasil. São 235 lotes dentro de 14 quarteirões que definem o Centro Histórico.

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COMO INTERVIR JUNTO AO UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO _ Nossa proposta oferece uma condição contemporânea para que a arquitetura possa ser um suporte cidadão para as manifestações da cultura e da vida coletiva. Parece adequado recordar uma definição que consta na Carta de Varsóvia de 1991, onde está escrito que “uma intervenção sobre o patrimônio deve ter como objetivo a conservação da sua autenticidade e sua apropriação pela comunidade”.

A oportunidade da construção de um novo ANEXO considera não somente a melhor relação com a Casa Lacerda, mas a potencialização das suas áreas externas.

Do ponto de vista da teoria do conhecimento, de fato podemos considerar que o passado é de alguma forma vivenciado no presente e que a partir do ponto de vista da vivência urbana pode ser este o real significado que deveríamos dar a esta herança recebida, ela é um passado que ainda experimentamos.

Nossa proposta se apoia em recomendações internacionais sobre preservação do patrimônio histórico. Partimos do reconhecimento do valor arquitetônico agregado ao edifício original e das intervenções sucessivas que caracterizam o Museu Casa Lacerda tal como é em seu estado atual de contemplação e utilização.

Diferenciamos os materiais contemporâneos utilizados dos pré-existentes, não criando falsas interpretações de épocas, técnicas ou estilos. Além disso, a utilização de materiais distintos permite explicitar a preocupação de evidenciar os valores existentes em sua condição técnica e intervir harmoniosamente no conjunto de forma respeitosa e autentica.

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CASA E ANEXO, 1+1=1 (um conceito em forma de promenade) _ Entendemos o desafio proposto como uma possibilidade para discutir a condição complementar de um objeto arquitetônico contemporâneo em relação a necessidade operacional de um notório exemplar da arquitetura residencial de tradição portuguesa de meados do século XIX, transformado em CASA DE PATRIMÔNIO receber um ANEXO. A nossa proposta é uma adição horizontal, entendendo a importância da Casa Lacerda e a sua lógica espacial.

Procuramos estabelecer uma estratégia que unifica e complementa o conjunto, a extensão da cota da “tijoleira”, assim como a preocupação com a preservação da vista para a Serra do Monge nos pareceram diretrizes precisas e acertadas.

Nossa estratégia de implantação surge da percepção de um sutil eixo diagonal que será estabelecido a partir da existência desse novo ANEXO. O acesso no nível da tijoleira do quintal se dá pelo canto de conexão do corpo principal e do CORPO lateral. Por este vértice passará o ir e vir de visitantes e funcionários. A diagonal que surge ganha força ao atravessar o pergolado e sua glicínia e transformá-los simbolicamente no portal de acesso do novo ANEXO transformando o percurso em uma “promenade architectural”.

A Casa Lacerda é um conjunto arquitetônico consolidado, implantado de tal maneira que o “L” gerado lhe permite configurar plenamente um quintal. O que propomos morfologicamente e a complementação desse quintal e a sua extensão através do pátio do novo ANEXO, que propositalmente se implantou de maneira invertida ao “L” da Casa Lacerda.

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O ANEXO E SEUS ACESSOS _ Para atender a preservação da vista da Casa Lacerda, desde a Sala do Relógio, para a Serra do Monge e atender também a conexão da cota do piso superior com o quintal da tijoleira, se faz necessário rebaixar a cota do pavimento inferior. Desta maneira o acesso ao piso superior atende o edital como solicitado. Já o acesso pela Travessa Brito Lacerda se dará por uma suave rampa que conduzirá os visitantes a um generoso vestíbulo aberto. De lá, junto ao pátio do ANEXO, já se poderá ver a Casa Lacerda e grande parte das atividades que serão oferecidas pelo novo conjunto.

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O ANEXO E SEUS PROGRAMAS _ O nível superior, conectado diretamente com a tijoleira do quintal oferece uma generosa varanda, nela temos o forno a lenha junto à COZINHA. O CAFÉ, está interligado a cozinha, mas com a possibilidade permanente de autonomia através de painéis deslizantes.

Na continuidade da “promenade architectural” encontramos o vazio da BIBLIOTECA em frente ao acesso da SALÃO MULTIUSO. Na extremidade do percurso, o junto aos sanitários, elevador e escada, a vista continua a se perde no horizonte, em busca da mesma Serra dos Monges que a família Lacerda teve como paisagem. No nível inferior do ANEXO, com acesso pela Travessa Brito Lacerda, temos a RECEPÇÃO/INFORMAÇÕES junto a LIVRARIA/LOJA elas ordenam e animam a chega e partida dos visitantes.

Ao lado do acolhimento temos a BIBLIOTECA. Apesar de dimensões modestas foi desenhada com a “monumentalidade” que um espaço desta natureza precisa. Quase como um grito de resistência para preservar a história e receber com dignidade leitores e pesquisadores. Na sequência do percurso inferior, se caminha junto ao pátio jardim, e se acessam as Áreas Administrativas. Os ambientes de longa permanência (sala de reuniões e áreas de trabalho) ficaram localizadas para receber luz e ventilação natural. No final do percurso encontramos a SALA EXPOSITIVA, um “cubo branco” climatizado e apto a receber com qualidade qualquer tipo de mostra expositiva. Se repetem ao lado da Biblioteca os sanitários coletivos que atendem este pavimento.

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PAISAGISMO COMESTÍVEL (ou a Horta da Casa) _ O novo paisagismo da Casa Lacerda se organiza em 3 setores. O primeiro e mais importante, o QUINTAL DA TIJOLEIRA receberá a intervenção mais austera. Nos concentramos no restauro das jardineiras e no adensamento das roseira para recuperação das características originais deste jardim. O segundo setor, o mais discreto denominamos de PASSAGEM DAS FLORES. Este pequeno jardim, no recuo lateral esquerdo da Casa Lacerda será dedicado as flores. O terceiro setor foi denominado de a HORTA DA CASA, nele concentraremos um “paisagismo comestível”, comunitário e educativo. Junto a horta o pequeno parquinho será restaurado e integrado a este setor.

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ECO-EFICIÊNCIA e CONFORTO AMBIENTAL _ Aplicamos princípios tradicionais, junto aos requerimentos tecnológicos próprios para o desempenho solicitado de cada atividade. A partir da análise climática foram escolhidas estratégias passivas para obter um bom desempenho de conforto ambiental: [1] utilização de ventilação natural cruzada; [2] coberturas verdes; [3] fachadas duplas ventiladas; [4] superfícies independentes para proteção solar e para sombreamento. Somando isso aos critérios de eco-eficiência: [1] redução das cargas térmicas internas; [2] captação de águas pluviais; [3] baixo impacto ambiental _ uso de sistemas construtivos pré-fabricados em grande quantidade; [4] redução do consumo energético; [5] redução de emissões e resíduos; [6] diminuição do custo de manutenção geram no conjunto um sistema sustentável pleno. Tudo isso permitirá que o ANEXO para a CASA LACERDA assuma um caráter demonstrativo-educativo estudantes e demais visitantes.