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ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ

Localização           

Antártica

Área Construída    

3.627 m²

Ano do Concurso     

2013

Cliente   

Marinha do Brasil

Autores

Mario Figueroa,

Marcus Vinicius Damon Letícia Tamisari

ARQZE  

Pol Taylor e

Marcelo Bernal

Equipe

André Marques,

Carlos Amaral,

Carlos Garcia, Guilherme Bravin, Juliana Possato,

Marcelo Venzon,

Renato Assada e Sabrina Aron

Consultores

Coordenação de Engenharias 

4G Barcelona, Espanha  Resmundo Manga

Estrutura e Sistemas Construtivos

 Xavier Aguilo e Oscar Cerecedo

Túnel de Vento 

Carlos Muñoz

Instalações Mecânicas

David Carcenery

A Antártica é o continente mais seco e mais frio sobre a terra, e sua condição extrema resultou na ausência de sistemas bióticos em seu interior, e até os tempos modernos, o seu total isolamento da civilização humana. Esta fronteira, que começa onde o mar se congela dá acesso a um território ainda virgem, onde recentemente investigações científicas descobriram informações dramáticas sobre a história climática do nosso planeta. O inevitável impacto da presença humana neste ambiente foi definido pelo Protocolo de Madrid, em 1994, que propôs a Antártica como um novo modelo de convivência ambiental. No entanto o significativo aumento pesquisas científicas realizadas pelos distintos programas nacionais agora está sendo seguido por diversas atividades turísticas que passam a constituir uma ameaça para o meio ambiente e os ecossistemas costeiros. O desafio está em conceber as novas instalações da EACF na condição mais próxima ao impacto zero e que permitam a introdução controlada da atividade humana em um continente que exige uma abordagem integrada entre o desenho e a logística.

Logística

Na Antártica todos os suprimentos e tecnologias são importados dos centros urbanos de outros continentes. Isto implica que a dependência da infra-estrutura de transporte é essencial para o desenvolvimento de todas as atividades. Nesse sentido definir o potencial e a conectividade é fundamental. A condição costeira da nova EACF permite contar com a capacidade de carga de navios de abastecimento diferente de estações no interior do continente que estão limitadas à capacidade de carga de diferentes tipos de aeronaves.

Ambiente

A radicalidade do ambiente antártico exige um suporte tecnológico significativo para a introdução da vida humana. A natureza desses antigos sistemas de apoio tem sido profundamente afetada pelo Protocolo de Madri, que estabeleceu um rigoroso código de proteção ambiental para todas as atividades antárticas.

A abordagem tradicional de introdução de sistemas de grande escala que consomem grandes quantidades de hidrocarbonetos está sendo transformado pela adoção de diversas estratégias para geração de energia sustentável, que são incorporados ao desenho do corpo arquitetônico. Estas tecnologias leves ter um impacto significativo sobre o planejamento logístico e renegociar a equação energética é a maior limitação na prática antártica.

O clima extremo da Antártica se impõe sem restrições, não existe a opção do enfrentamento, apenas da adaptação. Qualquer projeto que queira sobreviver sobre as imposições da natureza e do Protocolo de Madrid precisa ser inovador simplesmente pelo fato da necessidade de negação das práticas energéticas convencionais. Nesse sentido além da escolha correta das plataformas energéticas está à sábia especificação de materiais, juntamente com uma atitude clara em relação à ocupação do território sob condições adversas.

Estratégicas para a Antártica

Nossa proposta surge do enfrentamento da prática arquitetônica às condições impostas pela Antártica. Esta condição extrema resulta em ações estratégicas que provocam novas formas de responder a uma lógica operacional distinta. Estas estratégias aqui apresentadas são uma síntese dessa nova abordagem de ocupar o território e de fazer arquitetura.

Desployment

Trata-se de uma palavra inglesa de origem militar que trata da organização e preparação de tropas para combate. Estas condições [organização e preparação] em nosso caso podem ser entendidas como uma operação arquitetônica que envolve transporte, montagem, implementação, manutenção e desmontagem [se for necessário].

Leveza, poucos componentes de alto desempenho

Leveza é a dimensão mais crítica do processo. Em uma sociedade onde cada vez mais existe uma “consciência verde”, leveza também é uma atitude ética fundamental para a sustentabilidade, o fazer mais com menos. Esta condição resulta do complexo processo de interação entre estrutura, forma e matéria. Softwares de modelagem avançada permitem a exploração dinâmica dessas formas estruturais e à avaliação do seu desempenho em condições simuladas para levar cada peça ao seu desempenho máximo. Soluções de desenho cada vez mais enxutas, maximizando o potencial de diferentes materiais na fabricação de componentes de precisão. Temos na história e no presente de nossa industria automobilística e principalmente de nossa indústria aeroespacial lições preciosas para o êxito da reconstrução da EACF. Propomos uma nova estação composta com poucas peças todas elas de alto desempenho, tanto no seu próprio processo de fabricação como na montagem, no seu uso e inclusive no reuso ou reciclagem após o fim da sua vida útil. Leveza não é somente uma questão de peso, peças com pouco peso, mas em grande quantidade na antártica para uma montagem rápida é absolutamente inviável.

Impacto Zero, uma nova cultura

O Tratado da Antártida submete todas as intervenções humanas no continente às exigências ambientais do Protocolo de Madrid gerando uma cultura que temos definido como de zero impacto. As principais questões a serem enfrentadas são as energéticas, as relacionadas com a produção de água e as ambientais em relação à eliminação dos resíduos. O conceito do impacto zero introduz uma cultura de reversibilidade, a definição de uma habitabilidade suave temporal que é retrátil. Esta nova cultura antártica poderia ser exportada para outros contextos, informando uma atitude de extrema eficiência energética e da utilização de recursos mínimos na geração dos nossos “habitats”. A relação com o contexto torna-se intensa e interativa, integrando a participação de recursos naturais e artificiais em uma realidade reconfigurada pela ação do projeto.

Tratado da Antártida

O Protocolo de Madrid de 1985 estabelece um rigoroso código que minimiza o impacto ambiental produzido pela atividade humana no continente virgem. Os sistemas de ciclos de águas desenvolvidas para a nova EACF interpretam esse código, gerando uma cultura de impacto zero através de táticas de transparência, o uso controlado de água e o rigoroso controle e evacuação de todos os resíduos sólidos produzidos.

Capacidade de Carga e Transporte

A nova EACF foi inteiramente concebida para ser transportada  em navios mercantes. Os componentes da estação foram pensados para serem facilmente transportado, em uma parte significativa por conteiners. Apenas 66 conteiners, de 20’ e 10’, são necessários para abrigar todos os componentes hidráulicos, que serão fabricados e montados no Brasil dentro de conteiners ,que serão plugados a nova EACF durante o processo de construção. Em relação ao sistema estrutural, ele foi projetado para viajar semi-montado, facilitando o processo de montagem que terá o auxílio mecânico de um guindaste móvel.

O programa da nova EACF

O programa proposto está impregnado da experiência antártica brasileira desde 1984. Nele estão concentrados, como quem faz uma autocrítica, os acertos e erros cometido durante toda esta rica experiência, inclusive o próprio incidente que leva a proposição deste concurso.

Abordamos o programa de uma maneira que possamos oferecer conforto, eficência e adequação ambiental aproveitando o que há de melhor nas experiências recentemente desenvolvidas por outros paises que enfrentaram, cada um desde sua perspectiva cultural, o dilema de construir na Antártica.

A nossa proposta é muito simples. Organizamos o programa em 4 pavilhões:

PAVILHÃO 1: OPERACIONAL

PAVILHÃO 2: SOCIAL E HABITACIONAL

PAVILHÃO 3: HABITACIONAL E SERVIÇO

PAVILHÃO 4: LABORATÓRIOS

Nos parece que esta estratégia atende perfeitamente nosso objetivo de gerar uma estação singular no sentido das relações humanas e deles com a natureza. 

PASSEIO BRASIL _ Espaço de Transição e Espaço Conector

Originalmente constituída como uma estratégia para conectar os distintos programas, o PASSEIO BRASIL foi desenvolvido como um espaço de transição e se configura conceitualmente entre as relações energéticas e programáticas, entre os interiores do programas solicitados e a exposição total ao exterior antártico. Este espaço potencialmente intersticial ganha maiores proporções ao propormos que se torne no espaço mediador da operacionalidade da nova EACF. O que propomos que esta peça de infra-estrutura, onde todo o sistema se concentra e se irradiam, trabalhe em uma condição térmica baixa permitindo que seu custo operacional seja mínimo.

Esta decisão reduz dramaticamente o custo operacional da nova EACF, e permite viabilizar o PASSEIO BRASIL, este elemento arquitetônico a ser desenvolvido como um espaço coletivo com uma generosidade dimensional que seria inconcebível, dentro dos parâmetros energéticos convencionais. Constituir a experiência de estação antártica como uma instalação de experimentação coletiva.

Tratamento água

Instalações hidráulicas e sanitárias: O abastecimento de água procederá do lago norte devido à proximidade a base científica. Mediante uma bomba submersa e tubos de polietileno se distribuirá água para os dois depósitos de 4.000 litros de onde se iniciará o tratamento da água, purificação e bombeamento.

O aquecimento da água se realizará por meio de depósitos individuais com resistências elétricas para cada depósito. Se evita deste modo de se criar um anel de água quente, pois seria do ponto de vista energético, mais caro. Proporcionamos desta maneira, uma maior versatilidade ao sistema, já que existem diversas densidades de ocupação durante o ano e, assim nos permitiria reduzir espaços para acumulação de água.

Estação depuradora de águas residuais.

Conforme uma determinada ocupação do recinto, se define um sistema de depuração de águas residuais, do tipo compacto, mediante a tecnologia de tratamento ‘ Leito Fixo’. Trata-se de um sistema composto por quatro depósitos instalados em série, de polietileno, onde, nos dois primeiros, ocorre à decantação primária, quando se elimina grande parte dos sólidos existentes e as gorduras flutuantes, o terceiro depósito contém o reator biológico, onde se produz a degradação da matéria orgânica e, o ultimo depósito é aquele onde ocorre a decantação secundária.

 

Aquecimento

A produção de aquecimento dos pavilhões se realizará mediante caldeira, queimador de biocombustível onde aquecerão a água e o ar, devendo estes ser distribuídos aos ambientes contíguos à fonte geradora de calor. Para os ambientes mais distantes serão utilizados outros queimadores, para cada um dos pavilhões, situados num ponto médio a estes e por meio de convectores de aquecimento conseguirão aquecer os ambientes.

A utilização do ar como meio de climatização de um ambiente, proporciona um maior nível de conforto térmico. O ar condicionado permite garantir um clima interior de mais qualidade já que têm em consideração os conceitos de temperatura e umidade.

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