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AVENIDA BERNARDO MONTEIRO

Localização           

Belo Horizonte, MG

Área Construída    

12.225 m²

Ano do Concurso     

2020

Cliente   

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Autores

Mario Figueroa e

Leticia Tamisari

Equipe   

Vitoria Paolino,

Augusto Longarine
Lucas Andrade e

Luiz Sakata

Biólogo

Bruno Tayar

Engenheira Agrônomica

Nadia Horye Ferreira

Engenheiro Florestal

Claudio Augusto Bonora

O plano proposto para Belo Horizonte por Aarão Reis (1894-97) considerava que o urbanismo da cidade deveria “obedecer às mais severas indicações e exigências modernas de higiene, conforto, elegância e embelezamento”. A cidade proposta estruturava-se em três zonas: a urbana, a suburbana e a de sítios rurais. Uma avenida de contorno marcava o limite entre as zonas urbana e suburbana. A zona urbana caracterizava-se por um traçado geométrico - com o qual se retomava a tradição do traçado em xadrez em cidades, sendo o cruzamento das vias em ângulo reto interrompido por diagonais a 45 graus. Particular interesse e atenção foi concedido às áreas verdes e ao paisagismo. Porém, por distintas situações, muitos aspectos do Plano original foram alterados ou improvisados. Mesmo assim, Aarão Reis considerava ser possível compatibilizar as estruturas existentes com as novas propostas levando-se em consideração o poder estruturador do sistema viário que está intimamente ligado à arquitetura urbana e resgatar o sentido de hierarquia estabelecido onde as ruas e o posicionamento dos edifícios e as principais funções da cidade realçam a ideia de ordem e hierarquização. Na Av. Bernardo Monteiro a potente matriz urbana se faz presente, e é este o ponto de partida de nossa proposta.

TERRITÓRIO DE OPORTUNIDADES | A oportunidade proposta pelo concurso permite um plano que permite ir além da revitalização da Av. Bernardo Monteiro e da sua recomposição arbórea e da própria recuperação da sua identidade. Entendemos a criação desta oportunidade como uma aposta na força que tem a construção de espaços públicos como a única possibilidade de reequilíbrio urbano. Nesse sentido, o desafio está em avançar aproveitando esta potente matriz urbana preexistente e oferecer uma nova referência urbana através de uma ação integradora alinhada às melhores expectativas contemporâneas UM CONCEITO PARA UM ESPAÇO PÚBLICO PECULIAR | A nossa ideia para a Nova Avenida Bernardo Monteiro avança sobre a mera concepção de um conjunto ajardinado emblemático. Durante a reflexão sobre o que poderia ser este no espaço público, transitamos entre as origens dos conceitos pertinentes, assim como as necessidades que a vida contemporânea solicita. Tratamos o conjunto projetado como um ESPAÇO DE CONVERGÊNCIA, um CONDENSADOR URBANO VERDE destinado a atrair as pessoas e propiciar um espaço de encontro, um palco para as mais distintas manifestações da vida em sociedade. Por isso, é fundamental que seja de domínio do pedestre. Deverá, portanto, assumir um grande significado para a vida da POLIS. Desenhamos-no para que possa se transformar em um lugar de referência tanto pelo valor simbólico (recuperação do túnel verde) como estratégico (pela centralidade no território). É onde estarão as feiras e os eventos, é onde a CIVITAS encontra suporte na URBIS projetada.

O NOVO TÚNEL VERDE E A DIVERSIDADE COMO ESCOLHA | Nossa proposta busca não somente recuperar o antigo “túnel verde” mas consagrar o novo espaço como uma referência paisagística e cultural da capital. O partido é simples: uma sequência de 44 pórticos metálicos sobre o passeio central recompõe através deste pergolado a espacialidade hoje perdida. Na Etapa de Transição, este conjunto estrutural servirá de suporte para a formação de vigorosas touceiras de diferentes espécies de trepadeiras, garantindo o conforto ambiental e o resgate de um ambiente sombreado. A revitalização do maciço arbóreo contará com a formação de um pomar de espécies nativas, formando verdadeiros arcos de diversidade. Dezessete diferentes espécies de grande porte, integrantes dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, proporcionarão maior interesse da população, além de maior senso de pertencimento. Dentre elas, consta o Faveiro-de-Wilson (Dimorphandra wilsonii), espécie endêmica da região central de Minas Gerais. Raro e pouco estudado, o Faveiro-de-Wilson está citado em todas as listas oficiais do estado como espécie ameaçada de extinção. Além disso, consideramos a conveniência de dois terços das espécies serem frutíferas, passíveis de serem consumidas pelos pedestres e atrativas à avifauna, borboletas, joaninhas e insetos diversos. A etapa final será marcada por robustas copas da flora regional que agregará valor ao local e enriquecerá o patrimônio florístico da cidade.

Tendo como premissa o conceito de infraestrutura verde de Gorski (2010), a proposta de revitalização permitirá a criação de espaços abertos e vegetados, capazes de auxiliar na infiltração das águas pluviais e no manejo sustentável das águas no meio urbano. Para isto, propomos o redesenho dos canteiros que configuram longitudinalmente todo este trecho da Av. Bernardo Monteiro no sentido da busca de um aumento significativo das áreas permeáveis. Sendo assim, obtivemos um acréscimo de 484m² em relação aos 1895m² que se encontram hoje neste setor, totalizando assim uma nova área permeável de 2379m².

Nestes novos canteiros longitudinais serão utilizados forrações e herbáceas que formarão canteiros de flores capazes de atrair polinizadores. Propomos espécies específicas de plantas no sentido da atração e diversidade de insetos que auxiliem no controle biológico da mosca-branca. Cumprem com esta função os canteiros longitudinais compostos por ervas como: endro, funcho, cominho, dente-de-leão, coentro, mil-folhas, angélica e de flores como gerânios, coreópsis, cosmos e tanaceto.

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